ESPIRITUALIDADE

ESPIRITUALIDADE

 

UM ABRAÇO...

            

            Sentir o nosso coração ao mesmo tempo que o de alguém a quem damos

            um abraço faz-nos de tal maneira bem à saúde, traz-nos uma tal paz,

            que até existe uma forma de tratamento chamada Terapia do Abraço.

            Um bom abraço ajuda-nos a sentir as muitas dimensões do amor: a

            facilidade para receber e dar, a sensibilidade para o sofrimento, a

            disponibilidade para a alegria de se divertir e a profundidade da

            ternura.

            Abraçar alguém é como dizer-lhe: "Olha, aqui estou para o que

            quiseres, de coração aberto para ti". O que implica aceitar ser

            rejeitado. Mal interpretado. Correr esse risco.

            No entanto, só se a atitude interior, o pano de fundo a partir do

            qual nos relacionamos com os outros, for de lhes estender os braços

            e de os tocar, poderemos descobrir o valor da partilha.

            Não são só as pessoas solitárias, infelizes, inseguras, que precisam

            ser abraçadas. Abraçar bem dá-nos saúde. Mas não se trata de abraços

            sociais, de conveniência, em que duas pessoas se tocam apenas por

            fora – portanto não se tocam -, nem de abraços de dois amantes

            apaixonados que um ao outro se agarram.

            São abraços que acontecem porque saem cá de dentro sem que os

            travemos. Como expressão de um amor incondicional que nos habita – e

            de que não temos medo, porque o olhamos como algo que

            verdadeiramente nos liberta.

            A intimidade que um abraço sincero oferece é a da compreensão. Da

            atenção. Da solidariedade. Da amizade que existe para lá da

            exaltação dos sentidos, apenas por ter a consistência daquilo que

            brota do fundo de nós mesmos e que se mantém quer faça sol quer

            chova.

           Abraços são uma espécie de foguetes capazes de fazer despertar

            moribundos ou fazer levantar da cama preguiçosos. Explosões de vida.

            Há quem goste de os dar para reafirmar um vínculo de amizade ou

            qualquer outro sentimento. E são uma das melhores festas gratuitas a

            que toda a gente tem acesso. São abraços do fundo do coração,

            frequentes entre duas pessoas que, por nada pedirem uma à outra, de

            cada vez que se encontram recebem sempre muito – e apenas por isso

            são levadas a celebrá-lo.

            Quando um coração se abre para outro coração, há quase sempre uma

            qualquer maravilha que pode acontecer. Ou, quanto mais não seja, uma

            sensação de paz possível, neste mundo cheio de guerras em que

            vivemos.

         

  Adaptado do texto "Venha daí um bom abraço!",

            Mais e Melhor,

Maria José Costa Félix